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A festa cíclica “é na sua essência, a reactualização de um acontecimento religioso. Constitui um retorno periódico ao tempo sagrado das origens”, em oposição ao “conceito de festa que por ser demasiado impreciso, é susceptível das mais diversas interpretações. Recepções, danças, jogos, procissões, banquetes, feiras, tudo o que implique divertimento é, em certo sentido, festa”.
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Celebrada no dia 16 de Julho de cada ano, desde 1332, data em que, segundo a tradição carmelita Nossa Senhora apareceu a S. Simão Stock e lhe entregou o escapulário, foi inicialmente a piedosa associação chamada do “Capelinho” quem teve o apanágio de celebrar a festa da Padroeira.
Fundada na Igreja do Carmo, por D. Fr. Gomes de Stª Maria, no ano de 1407, para o culto do Santíssimo e de Nossa Senhora, no ano de 1600 transformou-se em Confraria do Santo Escapulário, que por ser a associação mais antiga, ficou com o privilégio de celebrar a festa da Padroeira, (…) deduzimos que esta mesma confraria tenha mantido inalterado o direito de realização da festa até ao ano de 1755, altura em que é aprovado o “Compromisso da Venerável Hordem Terceyra de Nª Sra. do Monte do Carmo sita no Real Convento da mesma Sra. da Villa de Moura” (…)
“A solenidade com que esta Venerável Ordem costuma festejar todos os anos a Nossa Mãe Senhora do Carmo, que será das maiores, que fazem nesta vila, e para que esta continue com a maior magnificência, terá cuidado o Irmão Secretário e Zelador do Culto Divino de dispor tudo o que for necessário para ela decente; (…)
A festa tinha o seu inicio no dia sete de Julho, com a Novena, prolongando-se até ao dia dezasseis que é o da festa, com missa cantada, sermão, depois de absolvição e bênção papal.
Em 1877 houve a primeira tentativa de mudança da data da festa para dia diferente daquele que é dedicado a Nossa Senhora do Carmo, (…)
Nova tentativa de alteração ocorre no ano de 1885, (…) foi proposto e unanimemente aceite, que se fizesse a festa no dia 27 de Setembro de 1885.
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No ano de 1912 teve lugar no dia dezasseis de Julho, (…) no ano seguinte realiza-se no dia 12 de Outubro, (…) a partir de 1919 começamos então a ver mencionado os primeiros dias do mês de Outubro como data da realização da festa da Padroeira.
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A imprensa dá conta que as festas de Nossa Senhora do Carmo vêm decaindo de ano para ano, a ponto de serem quase uma vergonha para a terra. No ano de 1919, são de tal forma um fracasso que é feita a chamada de atenção para o facto, visto que “para se exibir o que ultimamente se tem feito é mais decente não fazer nada, porque não fazer nada tem pelo menos um mérito: deixar ficar dinheiro nas algibeiras dos devotos.”
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continua
(in, Moura, o Carmo, a Fé – edição CMM)
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